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Entrevista | Paulinho Bornhausen critica Lula, elogia Topázio Neto e diz que apoia Eron na difícil missão de reconstruir o PSD

Por: Marcos Schettini
12/06/2023 15:04 - Atualizado em 12/06/2023 15:06
Divulgação

Neto e filho de ex-governadores, Paulinho Bornhausen herdou uma rara e fina leitura política de seu pai Jorge Konder Bornhausen e do avô Irineu Bornhausen, lideranças de grande reconhecimento público na história brasileira. Ainda menino, Paulinho também viu Antonio Carlos Konder Reis, primo do seu pai, ascender ao cargo de governador e dar ainda mais notoriedade à capacidade de articulação de uma das famílias mais poderosas da República.

Longe do cenário eleitoral por muitos anos, Paulo Bornhausen disputou as eleições de 2022, fez mais de 40 mil votos, mas foi engolido politicamente pelo bolsonarismo que, devido à forte polarização, elegeu diversas cadeiras em Santa Catarina e deixou, novamente, nomes de expressão política fora do Congresso Nacional.

Crítico voraz do Partido dos Trabalhadores, embora tenha divergências ao bolsonarismo, afirma que votou em Jair Bolsonaro para tentar evitar o que chama de “repetição muito piorada” dos governos petistas. Evocando a importância do cenário democrático estável, concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini e teceu alguns comentários sobre o panorama nacional, dizendo que quer votar para Tarcísio de Freitas para presidente e que Jorginho Mello é favorito para 2026. Também falou da habilidade de Topázio Neto e declarou apoio total na reeleição do prefeito de Florianópolis em 2024. Confira:


Marcos Schettini: Qual sua avaliação dos seis meses de governo Lula e de Jorginho Mello?

Paulinho Bornhausen: O governo Lula é uma repetição muito piorada dos quatro governos do PT. O que já era ruim, piorou muito. Muita bravata e pouca ação. Mentalidade perdulária, que compromete as contas públicas e o futuro da nossa gente. Vai custar caro e dar muito trabalho para arrumar a bagunça. Jorginho Mello me surpreendeu positivamente. Montou uma boa equipe. Tem estado bem presente nas regiões e nas discussões importantes. Um contraponto com o governo anterior. Mas fica devendo uma proposta consistente de planejamento estratégico para o Estado, que encare de frente nossos concorrentes no cenário nacional e internacional. Vai precisar agir mais e reagir menos. O Paraná é um bom exemplo para se espelhar no momento. Nosso competidor direto. Vai vender a Copel, fazer um plano ousado de concessões rodoviárias e está muito bem posicionado na captação de investimentos estratégicos. O futuro do emprego e renda do catarinense passa por aí.

Schettini: Na avaliação do Sr., Jair Bolsonaro foi qual presidente do Brasil?

Paulinho Bornhausen: O destaque positivo do Governo Bolsonaro foi a liberdade econômica e as ações voltadas à infraestrutura, notadamente ferrovias, portos e aeroportos. Pontos para o ex-ministro Tarcísio, hoje com sua competência a serviço de São Paulo. O negativo, sua personalidade impulsiva, ações atabalhoadas, pensamentos e ações retrógradas em algumas áreas estratégicas, como saúde e meio ambiente. Acabou perdendo a reeleição para si próprio. Votei nele, pois não me permito votar no PT com sua história de desgovernos que envergonham os homens e mulheres de bem do nosso país. Espero no futuro poder votar no governador Tarcísio para presidente.


Schettini: Com a derrota da extrema-direita, o Sr. consegue observar o retorno do debate político em 2024 e 2026?

Paulinho Bornhausen: Ainda é cedo para poder afirmar algo nessa direção. O sentimento de centro direita é predominante no país. Com destaque para o Sul e Sudeste. A questão dos extremos merece uma observação mais atenta. Estará sempre presente e de certa forma contribuindo muito pouco para a construção de um país mais justo e prospero. Mas precisamos conviver com todas as matrizes políticas dentro do jogo democrático. Nos limites da Lei!


Schettini: O ex-governador Jorge Bornhausen foi, ainda em 2019, um dos primeiros líderes nacionais a combater o governo Bolsonaro. Ele previu o quê?

Paulinho Bornhausen: Ele chamou atenção para as consequências danosas à democracia que a radicalização e a intolerância poderiam trazer. Do alto da sua vida pública ilibada e cheia de realizações, vislumbrou que tais atitudes trariam o retrocesso da esquerda de volta ao Planalto. Acertou.


Schettini: O Sr. disputou as eleições para deputado federal e não se elegeu. O que ocorreu?

Paulinho Bornhausen: Quando um candidato não se elege a resposta mais correta e verdadeira é que faltaram votos. Simples assim. Foi o meu caso nessa eleição. Como autocrítica, admito que cometi uma sucessão de equívocos de leitura e ações. O fato de estar afastado de mandato há oito anos, mesmo tendo obtido mais de um milhão de votos na eleição de 2014, foi um deles. A mudança do eleitor nesse lapso de tempo foi radical. A boa tradição deu lugar a boa briga, a valorização dos pequenos e destrutivos sentimentos, embalados pelas redes sociais e seus robôs. A guerra de narrativas tomou a cena, criando o mundo trágico das fake news. Voltamos ao mundo das verdades absolutas e indiscutíveis. Revivendo momentos tristes da história da humanidade que nos trouxeram fanatismo e destruição. O legado dos meus mandatos com muitas conquistas a favor do meu Estado e do país foram pouco, ou quase nada, importantes em 2022. A instalação da BMW, os Centros de Inovação Regionais, a luta pela extinção da CPMF, Volvo Ocean Race, a Lei do Trabalho Voluntário, o Juro Zero para os MEI’s etc, não fizeram diferença na decisão do eleitor catarinense. Somando meu estilo de agir, tranquilo e objetivo, minha posição sempre serena e construtiva diante dos enormes desafios que permeiam a nossa sociedade, nada disso sobrepôs a disputa monotemática entre 22 e 13. Muito menos a estrutura avantajada dos detentores de mandato e suas super estruturas legislativas, com as suas emendas milionárias. Não me queixo disso. Por fim, foi essa regra do jogo que aceitei ao disputar a eleição. Na democracia o eleitor tem sempre a razão! Acato com humildade o resultado.


Schettini: Havia um acordo do PSD e União Brasil. O que não foi cumprido?

Paulinho Bornhausen: Isso faz parte do passado. Da minha parte, sempre fiz acordos e os cumpri. Isso é que importa.


Schettini: A Democracia foi atacada e por pouco não sofreu um golpe de Estado. Por que SC apoiou estas investidas?

Paulinho Bornhausen: Não penso que SC tenha apoiado o golpe. Penso que por aqui as posições ficaram muito extremadas. Mas nunca se formou maioria para apoiar golpe de Estado. Longe disso! O catarinense é democrata convicto. O que lamentamos é o resultado da eleição nacional. Um retrocesso.


Schettini: Como o Sr. vê a proposta de regular as redes sociais?

Paulinho Bornhausen: Vejo com desconfiança ações que possam subtrair direitos individuais. O que é crime deve estar explícito na lei e respaldado pela Constituição. Agora, interpretações além disso, por tribunais ou por quem quer que seja, tangenciam o autoritarismo. E trarão prejuízos múltiplos à sociedade. E isso é inadmissível.

Schettini: O governo Topázio Neto tem o desafio eleitoral da reeleição. Como o Sr. observa o desempenho do prefeito de Florianópolis?

Paulinho Bornhausen: O Topázio é uma grata surpresa para quem não o conhecia. E uma afirmação positiva para os que já o conheciam. Traz consigo serenidade, seriedade e competência. Principal, reacendeu a esperança na boa política. Das boas práticas. Só um acidente de percurso lhe tirará à reeleição. Tem meu apoio e terá meu trabalho!


Schettini: Quais os nomes que o Sr. antecipa que estarão na disputa pelo governo estadual em 2026?

Paulinho Bornhausen: O governador Jorginho Mello com certeza. E mantido o sentimento do eleitor catarinense, juntamente com realizações que poderão ser entregues, ele será o favorito. Nessas circunstâncias, irá atrair a maioria das forças de centro direita que sempre governaram SC. Aliás, quando liderei a oposição ao governo do PT na Câmara Federal, em 2010, não cansava de dizer ao plenário que Santa Catarina era o melhor Estado do Brasil porque aqui o PT nunca havia governado. E assim continuará sendo se depender de mim. Outras candidaturas poderão e irão surgir. E o tempo se encarregará de divulgá-las. Aí saberemos das suas viabilidades ou não.

Schettini: Qual seu futuro político?

Paulinho Bornhausen: Ajudar o meu partido, o PSD, a crescer nas eleições municipais e depois planejar 2026 com protagonismo. Tenho muita confiança e esperança no trabalho do presidente Eron Giordani. Além do meu apoio, conta com meu entusiasmo na sua importante e difícil missão de reconstruir o partido em todas suas dimensões.


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